É difícil encontrar um país da Ásia onde o lótus não seja considerada sagrada. Ela está bem presente na mitologia oriental, especialmente na cultura indiana, egípcia, chinesa e japonesa, onde esta flor é extremamente admirada e representada em algumas religiões como hinduísmo e budismo. Na doutrina budista, a flor de lótus é sagrada e vista como expansão espiritual, pureza, renascimento e iluminação.
A literatura de muitas culturas orientais também fala da flor de lótus, atribuindo-lhe os encantos femininos ideais, já que ela tem graça, beleza, elegância e perfeição. Também a ciência se interessa por ela, uma vez que ainda não se conseguiu explicar uma característica única que a flor possui: ela é capaz de repelir partículas de pó e micro-organismos.
Lenda da flor de Lótus no budismo:
Na lenda do Budismo relata-se que quando o Siddhartha, que mais tarde se tornaria Buda, deu os seus primeiros sete passos na terra, sete flores de lótus brotaram. Assim, cada passo dele representa um degrau no crescimento espiritual. Os Budas em meditação são representados sentados sobre flores de lótus, e a expansão da visão espiritual na meditação (dhyana) está simbolizada pela abertura das pétalas das flores de lótus, que podem estar totalmente fechadas, semiabertas ou completamente abertas, dependendo do estágio da expansão espiritual.
Lendas egípcias da flor de lótus:
A flor de Lótus é uma planta sagrada no Egito Antigo, onde é retratada no interior das pirâmides e nos antigos palácios do Egito. Segundo uma lenda, a flor está relacionada à criação do mundo e o umbigo do Deus Vishnu, onde teria nascido uma brilhante flor de lótus e desta teria surgido outra divindade, o Brahma, o criador do cosmo e dos homens. Outra lenda egípcia diz que o deus do sol Horus, nasceu também de uma flor de Lótus.
Flor de Lótus na Mitologia Grega:
Havia, na mitologia grega, um povo chamado pelos gregos de lotófagos, que vivia numa ilha do Mediterrâneo, no norte da África, e que se alimentava das flores e das plantas de lótus. Possuindo um efeito narcótico, a planta causa amnésia e sono em quem a ingere.
Em sua Odisséia, Homero escreve sobre três homens designados a investigar a ilha. Os habitantes lhes oferecem comida e, sem saber, comem da flor de lótus, esquecendo-se de retornar ao barco. Ulisses, então, é obrigado a resgatá-los, tendo de amarrá-los ao navio para que não retornassem. A simbologia de Homero para o episódio se refere principalmente às pessoas que gostariam de esquecer o passado e começar tudo de novo.
Lenda da flor de lótus no hinduísmo:
Na Índia, uma pequena lenda conta a historia de sua criação: Um dia, reuniram-se para uma conversa, à beira de um lago tranquilo cercado por belas árvores e coloridas flores, quatro lendários irmãos. Eram eles o Fogo, a Terra, a Água e o Ar.
Como eram raras as oportunidades de estarem todos juntos, comentavam como haviam se tornado presos a seus ofícios, com pouco tempo livre para encontros familiares. Mas a Água lembrou aos irmãos que estavam cumprindo a lei divina, e este era um trabalho que deveria lhes trazer o maior dos prazeres.
Assim, aproveitaram o momento para confraternizar e contar, uns aos outros, o que haviam construído – e destruído – durante o tempo em que não se viam. Estavam todos muito contentes por servirem à criação e poderem dar sua contribuição à vida, trabalhando em belas e úteis formas.
Então se lembraram de como o homem estava sendo ingrato. Construído ele próprio pelo esforço destes irmãos, não dava o devido valor à vida. Os irmãos chegaram a pensar em castigar o homem severamente, deixando de ajudá-lo. Mas, por fim, preferiram pensar em coisas boas e alegres.
Antes de se despedir, decidiram deixar uma recordação ao planeta deste encontro. Queriam criar algo que trouxesse em sua essência a contribuição de cada um dos elementos, combinados com harmonia e beleza. Sentados à beira do lago, vendo suas próprias imagens refletidas, cada um deu sua sugestão e muitas ideias foram trocadas. Até que um deles sugeriu que usassem o próprio lago como origem.
Que tal um ser vivo que surgisse da água e se crescesse em direção ao céu? Uma vegetal, talvez? Decidiram-se, então, por uma planta que tivesse suas raízes rente à terra, crescesse pela água e chegasse à plenitude do ar. Ofereceram, cada um, o seu próprio dom. A Terra disse: “darei o melhor de mim para alimentar suas raízes”.
A Água foi a próxima: “Fornecerei a linfa que corre em meus seios, para trazer-lhe força para o crescimento de sua haste”. “E eu lhe cercarei com minhas melhores brisas, dando-lhe minha energia e atraindo sua flor”, disse o Ar. Então o Fogo, para finalizar o projeto, escolheu o que de melhor tinha a oferecer: “ofereço o meu calor, através do sol, trazendo-lhe a beleza das cores e o impulso do desabrochar”. Juntos, puseram-se a trabalhar, detalhe a detalhe, na sua criação conjunta. Quando finalizaram sua obra, puderam se despedir em alegria, deixando sobre o lago a beleza da flor que se abria para o sol nascente. Assim, em vez de punir o ser humano, os quatro irmãos deixaram-lhe uma lembrança da pureza da criação e da perfeição que o homem pode um dia alcançar.
Assim que os quatro elementos se separaram, a Lótus reinou no lago com sua beleza imaculada. Essa é a lenda sobre a origem desta incrível flor – pura e bela, por mais difíceis que as condições sejam e mesmo nas mais difíceis e obscuras circunstâncias.
Significado das Cores da Flor de Lótus:
Na maior parte das vezes representada com oito pétalas, a flor de lótus é um símbolo de harmonia cósmica, mostrando as oito direções do espaço. Assim, é uma figura comum nas mandalas.
Suas cores diferentes também têm cada qual o seu significado.
Assim, a flor de lótus branca retrata a pureza mental, natureza imaculada, relaciona-se com a busca de perfeição do espírito. Sempre é representada com as 8 pétalas, indicado as direções do universo.
A flor de lótus vermelha simboliza o amor e a compaixão, que são as qualidades do coração. Esta é a flor de Avaloktesvara, o Buda da Compaixão.
O lótus azul, preferido dos faraós, simbolizava a sabedoria, o triunfo do espírito sobre os sentidos, o conhecimento. Esta é, entre as flores de lótus, a que nunca mostra seu interior, mantendo-se sempre fechada.
Finalmente, a flor de lótus rosa é o próprio Buda, além de outros personagens divinos. Muitas vezes é confundida com a flor de lótus branca, dada a sua tonalidade clara.
No Japão, por exemplo, se associada ao peixe koi, traz o significado de força e individualidade. Já no Yoga existe uma postura tradicional, a posição “padmásana”, quando o iogue entrelaça as pernas e pousa uma mão em cada joelho: é a posição do lótus.
Finalmente, a última simbologia da flor de lótus: fechada ela mostra as infinitas possibilidades do homem e aberta é a própria criação do Universo.